Existem vários livros sobre o Caminho de Santiago de Compostela escrito por brasileiros, e a maioria deles foram escritos na década de 1990, depois do boom do livro “Diário de um Mago” do autor Paulo Coelho. Selecionei 5 livros que li nos últimos meses sobre o caminho para falar aqui um pouco sobre cada um deles.
Os livros que selecionei para escrever aqui nesse texto são:
1. Diário de um Mago
2. Se eu quiser falar com Deus
3. Via Láctea - Pelos caminhos de Santiago de Compostela
4. Viagens transformadoras
5. Caminho de Santiago - Peregrinação a partir de Portugal
A ordem da apresentação dos livros não tem a ver com qual é melhor, mas sim foi a ordem em que eu fui lendo os livros sobre Caminho de Santiago.
O que achei do livro “Diário de um Mago”
Eu já havia lido o livro a alguns anos atrás, mas quis ler outra vez, uma leitura diferente, uma leitura de alguém que busca saber mais sobre o Caminho de Santiago de Compostela.
O livro tem um tom místico, fugindo de um simples relato ou um guia sobre o caminho. É uma leitura prazerosa, mas pouco se tira de informação efetiva do caminho. Mesmo assim, algumas passagens do livro nos fazem refletir.
Dentre elas o fato de muitas vezes estarmos matando nossos sonhos. Paulo Coelho considera que estamos matando nossos sonhos quando dizemos que não temos tempo. E isso é verdade, sempre precisamos ter tempo para o que nos importa, nós não podemos deixar de fazer as coisas por acreditar que não temos tempo.
Nossa vida é única, e para vive-la bem vivida precisamos considerá-la uma grande aventura, esse é outro pensamento que o autor nos traz a refletir. Precisamos saber olhar, escutar e experimentar aquilo que também está além do nosso conforto, precisamos sair de nossas bolhas, além da nossa muralha existem coisas interessantes.
Mas um ponto que realmente me chamou muita atenção e me fez realmente refletir foi quando o Paulo Coelho escreveu
“Finalmente, o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a paz.” Quando está tudo certo em nossa vida parece que vivemos um eterno domingo, tudo é sempre tranquilo e igual, começamos a viver no automático e deixamos de sonhar. O sonho sempre deve fazer parte das nossos vidas.
Continuando a leitura do livro me deparei com uma passagem que faz todo o sentido para quem está se preparando para o caminho:
“Da mesma forma, um discípulo nunca pode imitar os passos de seu guia. Porque cada um tem uma maneira de ver a vida, de conviver com as dificuldades e com as conquistas. Ensinar é mostrar que é possível. Aprender é tornar possível a si mesmo.” (Paulo Coelho, pg.171)
Quando nos preparamos para o caminho lemos muitos relatos e nos deparamos com muitas experiências, mas não podemos levar o que os outros viveram e nos frustrar com nosso caminho. Cara um fará um caminho, cada caminho é único e só seu. A sua experiência será a melhor para você. Não se apegue as experiências dos outros.
E assim como uma peregrina canadense que deu um texto para Paulo Coelho com um trecho do discurso do presidente americano Theodoro Roosevelt (que havia proferido em Paris no dia 23 de abril de 1910), eu entrego essas palavras para você peregrino, pois assim como a eles essas palavras também me tocaram:
“O crítico não tem importância alguma: tudo o que faz é apontar um dedo acusador no momento em que o forte sofre uma queda ou na hora em que aquele que está fazendo algo comete um erro. O verdadeiro crédito vai para aquele que está na arena, com o rosto sujo de poeira, suor e sangue, lutando com coragem.
O verdadeiro crédito vai para aquele que erra, que falha, mas que aos poucos vai acertando, porque não existe esforço sem erro. Ele conhece o grande entusiasmo, a grande devoção, e está gastando sua energia em algo que vale a pena. Este é o verdadeiro homem, que a melhor das hipótese irá cair. Mas mesmo em sua queda ele é grande, porque viveu com coragem e esteve acima daquelas almas mesquinhas que jamais conheceram vitórias ou derrotas.” (Discurso do presidente americano Theodoro Roosevelt proferido em Paris no dia 23 de abril de 1910, encontrado na pg. 275 do livro Diário de Um Mago, Paulo Coelho).
Esse é o pensamento que tenho, muitas pessoas acham loucura fazer o caminho, outras acham perca de tempo, e poucas realmente entendem.
Simplesmente incrível - Se eu quiser falar com Deus
O segundo livro que vamos falar a respeito é o livro “Se eu quiser falar com Deus” de Dimas Mietto. Este livro é realmente tão incrível que eu resolvi fazer um texto somente sobre este livro, você pode conferir esse texto clicando aqui.
Além das lindas paisagens que podemos ver nas fotos do autor, esse livro também apresenta pensamentos em forma de frases dos momentos que o autor passou em seu caminho. As palavras de Dimas Mietto são profundas e nos fazem pensar em nossas vidas e refletir sobre nossas ações.
O livro também me chamou a atenção por ser o primeiro livro sobre o caminho português que eu li, e acredito que escolhi um dos melhores para ler. Não é um relato por si só do caminho, muito menos um guia do percurso. Está mais para um guia emocional, um livro que lhe fará refletir e sentir.
Uma das frases de Dimas Mietto que mais fizeram sentido para mim é a seguinte:
“A sua estrada é somente sua. Outros podem, acompanhá-lo, mas ninguém pode andar por você.”
Essa frase devemos levar para nossa vida toda, nosso caminho é nosso e só nós o podemos trilha-los. As companhias fazem parte desse caminho chamado de vida, mas ninguém é capaz de viver a sua vida, por isso ela é sua.
E não esqueça, para ler um resumo desse livro é só clicar aqui e ler o resumo que fiz desse maravilhoso livro, boa leitura.
Uma viagem reflexiva - Via Láctea: Pelos caminhos de Santiago de Compostela
O livro “Via Láctea: Pelos caminhos de Santiago de Compostela” de Guy Veloso é mais um dos livros sobre o caminho que me encantaram. No blog você também encontra um resumo completo sobre este livro, só clicar aqui.
Por mais que este livro fale sobre o caminho francês, que neste momento ainda não é o caminho que eu irei trilhar, ele realmente prendeu minha atenção e valeu a pena sua leitura. A escolha desse livro foi devido as avaliações que achei na internet a seu respeito e então acabei sendo convencida que deveria ler e foi o que eu realmente fiz.
Ao longo da leitura Guy Veloso te prende e te leva até dentro do livro, você sente que está vivendo aquilo. Diria que esse livro é um preparo de alma e coração para seu caminho.
Acredito que uma das principais frases do livro que realmente fez sentido para o preparo do meu caminho foi:
“Mas logo descobri que na realidade nunca estamos verdadeiramente prontos; que, se todas as vezes esperasse pelo instante mais favorável, nunca seguiria em frente. Ficaria sempre no mesmo lugar, com as pernas enrijecidas pela dúvida. (Guy Veloso, pg. 10)”
E eu penso realmente dessa forma, pois se alguém me perguntar se eu estou pronta para realizar o caminho eu certamente diria que não. Mas nunca estarei pronta, pois não tenho como saber o que o caminho espera de mim, só vou descobrir quando começar. Aqui também cabe nossas dúvidas sobre mudanças, nunca estamos prontos para elas, mas se não começarmos nunca iremos mudar. Você pode ler sobre o assunto no texto do ciclo emocional da mudança, só clicar aqui.
Com a leitura desse livro percebi que para realizar o caminho precisamos ir de corpo, alma e coração, abertos ao que o caminho reserva para cada um de nós. Não esqueça, o resumo completo do livro você encontra aqui.
Um visão diferente do caminho - Viagens transformadoras
O livro Viagens transformadoras de Bárbara Lins é uma visão um pouco diferente da maioria dos livros sobre o caminho. É um relato de si mesmo, a autora Bárbara Lins ao escolher fazer o caminho estava tentando se encontrar e no livro relata seus medos e anseios. Logo no início do livro a autora relata:
"Tinha acabado de chegar ao aeroporto. Trazia comigo uma mochila nas costas e a certeza de que não podia ficar onde estava. O problema é que não sabia para onde ir…"
Dando continuidade ao texto, uma passagem chamou a atenção:
"Jurei para mim mesma que até o fim da viagem eu eliminaria grande parte do medo existente naquela mochila. (Bárbara Lins, pg. 62)"
Não só o medo, mas os anseios, as preocupações, as cobranças. Devemos deixar tudo e viver o novo, um novo ciclo, aberto para novas experiências. E tentar, digo tentar porque é realmente difícil, tentar cobrar menos de si mesmo.
Durante toda a leitura vários pontos me chamaram a atenção, e a cada um deles fui refletindo e pensando que todas as viagens são transformadoras, mas para a transformação realmente ocorrer nós precisamos estar abertos e recebê-las, não basta querer a mudança, tem que aceitá-la.
E cada um destes trechos e reflexões estão presentes no resumo do livro Viagens Transformadoras de Bárbara Lins, você pode conferir o resumo clicando aqui.
Caminho de Santiago - Peregrinação a partir de Portugal
Achei esse livro por acaso enquanto eu procurava livros sobre o Caminho de Santiago Português no Kindle, achei interessante e resolvi ler, não me decepcionou, mas algumas coisas me chamaram atenção.
A autora Celina Fioravanti, dividi o livro em várias partes, no começo fala um pouco sobre a história do caminho, passa por uma etapa de ensinamentos e exercícios para se fazer ao longo do caminho, e por fim relata o caminho em si e suas variantes.
Muitos trechos na primeira parte do livro chamam atenção, principalmente questões mais místicas, como a polaridade do Caminho Português e o que ela representa, você pode ler um pouco a respeito no trecho a seguir:
“É isso que eu descobri ao caminhar para Santiago de Compostela: o Caminho Português possui polaridade complementar ao Caminho Francês. O Caminho Francês é a Via Solar, com polaridade masculina, sendo por isso mais seco e duro que o Caminho Português, que é a Via Lunar, de polaridade feminina, com características úmidas e acolhedoras. Um é o Caminho da luta, do uso da força física, de quem até o momento só fez conquistas materiais, é um trajeto cheio de pedras. O outro é o Caminho de quem faz conquistas pelo amor, é a rota da força da intuição, da capacidade emocional, é um caminho cheio de flores e verde. (Celina Fioravanti, pg. 107)”
Passado essa primeira parte do livro, a autora entra numa espécie de rituais a serem seguidos durante o caminho, assim como ela fez. Lendo essa parte do livro não tive como não comparar com o livro Diário de um Mago de Paulo Coelho. Por mais que os exercícios ou rituais fossem mais focados nas questões religiosas, a cada exercício que eu lia me vinha na memória as passagens do livro de Diário de um Mago, pois ao longo do livro o autor Paulo Coelho fala sobre os exercícios para poder se tornar ao longo do seu caminho um verdadeiro mago.
Ao fim do livro a autora faz um pequeno relato dos trechos que ela realizou e também apresenta outras variantes que existem do Caminho dentro de Portugal.
Se você quer fazer essa comparação deste livro com o Diário de um Mago você pode ler o resumo que fiz e tirar suas próprias conclusões, é só clicar aqui.
E, ai? Gostou dessa dica dos 5 de livros sobre o Caminho de Santiago?
Tem algum livro para indicar? Deixa ele aqui nos comentários.
Buen camino.
Abraços,
Mariana Dias.
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